domingo, 7 de novembro de 2010

O acordo no Orçamento

O PSD, revelando uma enorme paciência, resolveu acordar com o PS algumas (pequenas) alterações à proposta de Orçamento para 2011, de forma a poder viabilizá-lo. Fez muito bem.
Há quem seja da opinião de que o PSD devia ter viabilizado o Orçamento sem qualquer negociação, eu sou uma dessas pessoas. No entanto, o acordo atingido teve benefícios reais para muitos portugueses e para o País. Fazendo uma análise fria ao acordo, só possível passado algum tempo sobre o mesmo, constato dois erros.
Limitar as deduções fiscais apenas nos dois últimos escalões do IRS é injusto. Os limites às deduções deviam ser aplicados aos 4 últimos escalões. Não se percebe como sujeitos com rendimentos superiores a 42.259 euros não tenham limite às deduções que podem fazer com despesas de educação, saúde e habitação. Não se percebe também como é que no último escalão, rendimentos superiores a 153.300 euros, é possível fazer deduções. No último escalão não deveria ser possível fazer deduções à colecta. Além de ser mais justo, a poupança com esta alteração permitiria manter o bónus de 25% no abono às famílias do 1º escalão que com esta proposta de Orçamento desaparece.
O segundo erro é a indefinição relativa às Parcerias Público-Privadas. Vão ser reavaliadas...muito bem. A dúvida que fica, após ouvir o Primeiro-ministro, é saber se vai ser feita uma reavaliação ou vai ser confirmada a avaliação feita anteriormente...Dependerá da qualidade e independência de quem for escolhido para fazer a tal reavaliação, sendo que nem todas as PPP's são negativas. A construção de hospitais, por exemplo, merece o esforço que possa ter que se fazer. Já a construção do TGV, um projecto ruinoso quer na construção, quer na exploração, não merece esforço nenhum!


P.S. Teixeira dos Santos revela-se uma desilusão, dia após dia...Não é que se propunha aumentar impostos para compensar a proposta do PSD de redução de ... impostos! Ridículo! Teve que ser o PS(!) a travar o seu Ministro da Finanças para que se possa verificar uma das grandes vantagens do acordo com o PSD, a redução da despesa orçamental em 500 milhões de euros! Estas atitudes somadas às erratas de 800 milhões de euros ao Orçamento e à execução orçamental de 2010 explicam bem a total falta de credibilidade do governo junto dos mercados, esses malvados que nos emprestam dinheiro ano após ano para que possamos gastar todos os anos mais do que produzimos.

Sem comentários:

Enviar um comentário