sexta-feira, 29 de julho de 2011

Desplante!

O mesmo partido que nomeou Armando Vara para administrador da CGD e que após ter-se demitido contratou mais de 200 pessoas para trabalhar no referido banco, vem agora acusar o governo de nomear boys para a administração da mesma! Como se o curriculum de António Nogueira Leite tivesse alguma coisa a ver com o de Armando Vara!!!!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Opções

A CP encerra no próximo domingo a única ligação internacional de comboios com partida do Porto. Alega a CP um prejuizo anual de 235 mil euros como razão para o encerramento. Restam duas ligações internacionais de comboio com partida de Portugal, a ligação Lisboa-Madrid e a ligação Lisboa-Hendaye(França). Uma apresenta um prejuizo anual de quase dois Milhões de euros e a outra de sete(!) Milhões de euros....e encerra-se a que dá prejuizos de 235 mil euros....


P.S. será que entre prejuizos avultados e encerrar não existe um meio termo?! Não será possível reduzir a frequência?

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Nada me faltará


«Acho que descobri a política - como amor da cidade e do seu bem - em casa. Nasci numa família com convicções políticas, com sentido do amor e do serviço de Deus e da Pátria. O meu Avô, Eduardo Pinto da Cunha, adolescente, foi combatente monárquico e depois emigrado, com a família, por causa disso. O meu Pai, Luís, era um patriota que adorava a África portuguesa e aí passava as férias a visitar os filiados do LAG. A minha Mãe, Maria José, lia-nos a mim e às minhas irmãs a Mensagem de Pessoa, quando eu tinha sete anos. A minha Tia e madrinha, a Tia Mimi, quando a guerra de África começou, ofereceu-se para acompanhar pelos sítios mais recônditos de Angola, em teco-tecos, os jornalistas estrangeiros. Aprendi, desde cedo, o dever de não ignorar o que via, ouvia e lia.

Aos dezassete anos, no primeiro ano da Faculdade, furei uma greve associativa. Fi-lo mais por rebeldia contra uma ordem imposta arbitrariamente (mesmo que alternativa) que por qualquer outra coisa. Foi por isso que conheci o Jaime e mudámos as nossas vidas, ficando sempre juntos. Fizemos desde então uma família, com os nossos filhos - o Eduardo, a Catarina, a Teresinha - e com os filhos deles. Há quase quarenta anos.

Procurei, procurámos, sempre viver de acordo com os princípios que tinham a ver com valores ditos tradicionais - Deus e a Pátria -, mas também com a justiça e com a solidariedade em que sempre acreditei e acredito. Tenho tentado deles dar testemunho na vida política e no serviço público. Sem transigências, sem abdicações, sem meter no bolso ideias e convicções.

Convicções que partem de uma fé profunda no amor de Cristo, que sempre nos diz - como repetiu João Paulo II - "não tenhais medo". Graças a Deus nunca tive medo. Nem das fugas, nem dos exílios, nem da perseguição, nem da incerteza. Nem da vida, nem na morte. Suportei as rodas baixas da fortuna, partilhei a humilhação da diáspora dos portugueses de África, conheci o exílio no Brasil e em Espanha. Aprendi a levar a pátria na sola dos sapatos.

Como no salmo, o Senhor foi sempre o meu pastor e por isso nada me faltou -mesmo quando faltava tudo.

Tem sido bom viver estes tempos felizes e difíceis, porque uma vida boa não é uma boa vida. Estou agora num combate mais pessoal, contra um inimigo subtil, silencioso, traiçoeiro. Neste combate conto com a ciência dos homens e com a graça de Deus, Pai de nós todos, para não ter medo. E também com a família e com os amigos. Esperando o pior, mas confiando no melhor.

Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará.»

Maria José Nogueira Pinto, in DN

sábado, 2 de julho de 2011

realidade mediática vs realidade factual

Estes últimos dias foram pródigos em desmentidos de verdades que pareciam absolutas.
Depois de dois boletins de execução orçamental divulgados pelo governo socialista terem apontado para uma redução histórica (mais uma) do défice orçamental, sabe-se agora pelo INE que a execução orçamental "descambou" e o défice é bastante superior ao orçamentado, graças ao descontrolo da despesa. Foram muitos os economistas que avisaram que os dados divulgados pelo governo eram escassos e não conclusivos, mas a opinião publicada ignorou tais avisos e agora viu-se o resultado. Mais um aumento de impostos, ainda que extraordinário, necessário e justo, porque é universal (todos pagam e todos os rendimentos são tributados) e porque deixa de fora os mais pobres.
A propósito do imposto extraordinário sobre o 13º mês, mais uma vez a comunicação social "fabricou" uma incoerência do Primeiro-ministro. Questionado em Março se iria acabar com o 13º mês, conforme José Sócrates afirmava, Pedro Passos Coelho disse que tal era um disparate! Ora, que eu saiba, o 13º mês não acabou! Pois a comunicação social rapidamente concluiu que PPC estava a contrariar uma promessa por ter taxado, uma vez sem repetição, 50% do tal 13º mês!

Também na Grécia, a realidade mediática ultrapassa em muito a realidade factual. A cobertura noticiosa do que se passou em Atenas dava a entender que se vivia uma "guerra civil" como chegou a afirmar a jornalista Sandra Felgueiras da RTP. Mas que disparate! Umas centenas de arruaceiros e vândalos foram transformados na população de Atenas! Manifestações lógicas de poucas dezenas de milhares de Gregos foram tomadas por representativas de milhões de Gregos! Confusões em Atenas foram "alargadas" a todo uma país por uma comunicação social que se limitou a uns directos de uma varanda de um hotel de onde nunca saíram!

O caso Dominique Strauss-Kahn mostra que não é só a comunicação social portuguesa que "fabrica" e julga factos. O vergonhoso enxovalhamento do ex-Director-geral do FMI fica para a história como um verdadeiro "assassinato mediático" num país de desiquilibrios que permitem, com a mesma facilidade, condenar e inocentar, num espaço de poucas semanas, um homem a dezenas de anos de cadeia!