quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Comparar o imcomparável

Este "post" destina-se a todos aqueles que teimam em comparar o imcomparável, nomeadamente os que recorrem à análise do aumento da despesa (e consequentemente da dívida)  na vigência dos diferentes governos e à atribuição da paternidade do "monstro" em função dessa análise!
Sempre me pareceu uma análise errada classificar Cavaco Silva como o "pai" dessa criatura medonha que é o nosso endividamento, por terem sido os seus governos dos que mais aumentaram a despesa.
Como poderia ter sido de outra forma?! Se os governos de Cavaco Silva foram os primeiros a, com alguma capacidade e estabilidade, possibilitarem uma "actualização" das condições de vida dos portugueses após 40 anos de ditadura! Quando o ponto de partida era tão baixo, a mínima actualização só poderia causar crescimentos exponenciais.
O Prof. João Duque, em artigo no Expresso de 24 de Setembro e comentando o "post" de um ex-ministro socialista que consiste numa imagem com os vários primeiro-ministros de Portugal ilustrando com barras o crescimento da dívida, faz uma analogia brilhante que explica bem a diferença nos aumentos da despesa e dívida ao longo dos diferentes governos.
Escreve o Prof. João Duque: " A imagem mostra a taxa de crescimento da dívida de cada governo, ou seja, a sua taxa de variação, mas esta tem um efeito cumulativo. Imagine que em lugar da dívida temos a velocidade de uma viatura...Balsemão recebe um automóvel a rolar a 5 km/h. Como aumentou a dívida em 175% se aplicarmos o raciocínio à velocidade isso significaria que ele o havia acelarado até aos 13,8km/h. Depois veio Mário Soares que lhe dá mais uma sapatada e aumenta a dívida em 80%. A velocidade do carro passa para os 24,8km/h. Como vemos, os efeitos iniciais são fortes, mas como a velocidade de partida é baixa, o resultado ainda se aguenta e a condução não é perigosa. Depois vem Cavaco Silva que acelera até aos 111km/h. São 347% de aumento, mas como o país necessitava de investimento público, ainda não é dramático...Ou seja, o carro rola devagar...Segue Guterres que deixa o carro nos já periclitantes 168km/h e depois vem o impensável. Durão e Santana não conseguem travar e o carro, que acelera 28% passando para os 215km/h, e Sócrates dá-lhe o puxão final: a dívida dispara só 49% e o carro vai esborrachar-se descontrolado a 320km/h."
Esclarecedor!

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