sábado, 2 de julho de 2011

realidade mediática vs realidade factual

Estes últimos dias foram pródigos em desmentidos de verdades que pareciam absolutas.
Depois de dois boletins de execução orçamental divulgados pelo governo socialista terem apontado para uma redução histórica (mais uma) do défice orçamental, sabe-se agora pelo INE que a execução orçamental "descambou" e o défice é bastante superior ao orçamentado, graças ao descontrolo da despesa. Foram muitos os economistas que avisaram que os dados divulgados pelo governo eram escassos e não conclusivos, mas a opinião publicada ignorou tais avisos e agora viu-se o resultado. Mais um aumento de impostos, ainda que extraordinário, necessário e justo, porque é universal (todos pagam e todos os rendimentos são tributados) e porque deixa de fora os mais pobres.
A propósito do imposto extraordinário sobre o 13º mês, mais uma vez a comunicação social "fabricou" uma incoerência do Primeiro-ministro. Questionado em Março se iria acabar com o 13º mês, conforme José Sócrates afirmava, Pedro Passos Coelho disse que tal era um disparate! Ora, que eu saiba, o 13º mês não acabou! Pois a comunicação social rapidamente concluiu que PPC estava a contrariar uma promessa por ter taxado, uma vez sem repetição, 50% do tal 13º mês!

Também na Grécia, a realidade mediática ultrapassa em muito a realidade factual. A cobertura noticiosa do que se passou em Atenas dava a entender que se vivia uma "guerra civil" como chegou a afirmar a jornalista Sandra Felgueiras da RTP. Mas que disparate! Umas centenas de arruaceiros e vândalos foram transformados na população de Atenas! Manifestações lógicas de poucas dezenas de milhares de Gregos foram tomadas por representativas de milhões de Gregos! Confusões em Atenas foram "alargadas" a todo uma país por uma comunicação social que se limitou a uns directos de uma varanda de um hotel de onde nunca saíram!

O caso Dominique Strauss-Kahn mostra que não é só a comunicação social portuguesa que "fabrica" e julga factos. O vergonhoso enxovalhamento do ex-Director-geral do FMI fica para a história como um verdadeiro "assassinato mediático" num país de desiquilibrios que permitem, com a mesma facilidade, condenar e inocentar, num espaço de poucas semanas, um homem a dezenas de anos de cadeia!

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